Pesquisadores encontram microplásticos no cérebro humano em níveis alarmantes
Cientistas identificaram a presença de microplásticos no cérebro humano em concentrações muito superiores às encontradas em outros órgãos. Além disso, os dados mostram que o acúmulo dessas partículas aumentou 50% apenas nos últimos oito anos, o que acende um alerta sobre os impactos na saúde. Um estudo sobre o tema, cujos resultados preliminares já haviam sido divulgados ano passado, foi publicado na revista Nature Medicine.
Polietileno
Microplásticos são minúsculas partículas de polímeros degradados, onipresentes no ar, na água e no solo. Os pesquisadores usaram uma técnica inovadora para detectar 12 tipos de polímeros, sendo o mais comum o polietileno, amplamente utilizado em embalagens e recipientes. Além disso, observaram que muitas partículas eram extremamente pequenas – com cerca de 200 nanômetros, tamanho suficiente para atravessar a barreira hematoencefálica.
Segundo os resultados do novo estudo, as concentrações desses resíduos no cérebro superam as do fígado e dos rins, além de ultrapassarem registros anteriores para placenta e testículos. "Isso realmente muda o cenário. Torna tudo muito mais pessoal", disse o toxicologista Matthew Campen, líder do estudo e pesquisador da Universidade do Novo México, nos Estados Unidos.
Outro achado preocupante envolve pacientes com demência. De acordo com Campen, o cérebro dessas pessoas apresentava até dez vezes mais plástico do que o dos demais analisados. No entanto, o estudo não comprova que a presença de microplásticos seja a causa da doença, podendo ser um efeito colateral do próprio processo neurodegenerativo.
A origem principal dos microplásticos no organismo parece estar na alimentação, especialmente no consumo de carne, já que a contaminação plástica tende a se concentrar na cadeia alimentar. Campen afirma que os novos resultados deveriam despertar um alerta global sobre os riscos à saúde humana. Ele reconhece que pode ser difícil motivar os consumidores, que frequentemente ignoram advertências sobre contaminantes ambientais, especialmente quando são tão pequenos.