Tatuagem eletrônica no couro cabeludo pode revolucionar monitorização do cérebro
Pesquisadores desenvolveram uma tinta condutora que pode ser aplicada diretamente no couro cabeludo para registrar atividades cerebrais. A inovação promete substituir métodos tradicionais demorados e incômodos usados em exames como o eletroencefalograma (EEG). Um estudo sobre a técnica foi publicado na revista Cell Biomaterials.
Transmissores sem fio
O método tradicional de EEG exige medições precisas com réguas e lápis, seguido pela fixação de eletrodos com gel condutor, conectados a fios longos. O procedimento pode ser desconfortável e demorado. Com a nova abordagem, os pesquisadores utilizam uma impressora controlada digitalmente para aplicar uma camada fina de tinta no couro cabeludo, criando sensores que detectam ondas cerebrais de maneira rápida e sem dor.
Durante os testes, os cientistas compararam as tatuagens eletrônicas com eletrodos tradicionais em cinco participantes. As tatuagens mostraram desempenho equivalente, com vantagem de estabilidade por até 24 horas, enquanto o gel dos eletrodos convencionais perdeu eficácia após seis horas. Além disso, o estudo também explorou linhas de tinta para substituir os fios, conduzindo sinais sem interferências
Anteriormente, tatuagens eletrônicas geralmente eram impressas em uma camada fina de material adesivo antes de serem transferidas para a pele, mas isso era eficaz apenas em áreas sem cabelos. Para contornar o problema, a equipe desenvolveu um tipo de tinta líquida feita de polímeros condutores. A tinta pode fluir entre os cabelos para alcançar o couro cabeludo e, após secar, funciona como um sensor de filme fino, captando a atividade cerebral através do couro cabeludo.
"Nossas inovações em design de sensores, tinta biocompatível e impressão de alta velocidade abrem caminho para o futuro da fabricação de sensores eletrônicos diretamente no corpo, com amplas aplicações clínicas e além", afirmou Nanshu Lu, coautora do estudo e pesquisadora da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos.
No futuro, a equipe planeja incorporar transmissores de dados sem fio diretamente nas tatuagens, eliminando a necessidade de fios adicionais. "Nosso estudo tem o potencial de revolucionar o design de dispositivos de interface cérebro-computador não invasivos", disse José Millán, coautor do trabalho. Essa tecnologia pode tornar tais dispositivos mais acessíveis e práticos, aplicando diretamente os componentes eletrônicos na pele do paciente.