Após ser substituído, ditador português foi enganado para acreditar que ainda governava
O ditador de Portugal António Salazar estava no poder há 36 anos quando caiu de uma cadeira e levou uma forte pancada na cabeça, em 1968. Enquanto se tratava de lesão, ele sofreu um AVC e entrou em estado de coma, sendo substituído no comando do país por Marcelo Caetano. Mas, para surpresa de todos, Salazar se recuperou e recobrou a consciência. Depois disso, uma operação foi colocada em prática para convencê-lo de que ainda governava.
Jornal falso
A história é narrada no livro "A Incrível História de António Salazar, o Ditador que Morreu Duas Vezes", do jornalista italiano Marco Ferrari. Segundo o autor, os médicos temiam que o ditador não resistisse à notícia de que estava fora do poder. Por isso, seus assessores elaboraram uma farsa para impedir que ele descobrisse a verdade.
Assim, reuniões de ministérios falsas eram encenadas para que Salazar acreditasse que ainda comandava Portugal. Para tornar a situação convincente, todos os dias o ditador sem poder recebia uma edição falsa de seu jornal favorito, o Diário de Notícias. Em suas páginas de política, as notícias (reescritas pelo próprio diretor do veículo) não continham nenhuma menção a Marcelo e tratavam Salazar como o mandatário de Portugal.
Até mesmo em entrevistas para veículos internacionais Salazar continuou a falar como se ainda fosse o chefe do governo. Em 1970, sem nunca saber que tinha sido substituído, ele morreu após sofrer uma embolia pulmonar. “Foi uma situação absurda que durou dois anos, até a morte de Salazar e que abrangeu toda a classe dominante do país”, disse Ferrari.