Descoberta de privada milenar em Israel revela doença que atingia reino bíblico
Pode parecer inusitado, mas a arqueologia também pode revelar muito sobre a saúde de antigas civilizações, como prova um novo estudo. A análise de fezes antigas retiradas de duas latrinas de Jerusalém que datam do reino bíblico de Judá apontou vestígios do microrganismo unicelular Giardia duodenalis. Esse protozoário é a causa da giardíase, enfermidade que provoca casos de diarreia debilitante em humanos.
Problema endêmico
Segundo uma equipe liderada por pesquisadores da Universidade de Cambridge, trata-se do exemplo mais antigo desse parasita infectando humanos em qualquer lugar do planeta. O estudo que revela a descoberta foi publicado na revista científica Parasitology. “O fato de esses parasitas estarem presentes em sedimentos de duas fossas de Jerusalém da Idade do Ferro sugere que a disenteria era endêmica no Reino de Judá”, disse Piers Mitchell, pesquisador do Departamento de Arqueologia de Cambridge e líder do estudo.
As amostras fecais vieram do sedimento que estava embaixo das privadas encontradas em dois complexos de edifícios escavados ao sul da Cidade Antiga. As estruturas datam do século VII a.C., quando Jerusalém era a capital de Judá. Durante esse tempo, o reino era um estado vassalo sob o controle do Império Assírio, que em seu auge se estendia do Levante ao Golfo Pérsico, incorporando grande parte do atual Irã e Iraque. Na época, Jerusalém era um próspero centro político e religioso com uma população estimada entre 8.000 e 25.000 habitantes.
“A disenteria é transmitida por fezes que contaminam a água potável ou os alimentos, e suspeitamos que poderia ter sido um grande problema nas primeiras cidades do antigo Oriente Médio devido à superpopulação, calor e moscas, além da limitação de água disponível no verão”, disse Mitchell. O pesquisador acrescentou que a disenteria pode ser fatal, principalmente em crianças.