Encontradas evidências de indígenas que dominavam a técnica da tecelagem no Piauí
Pesquisadores encontraram evidências de que uma antiga população indígena que viveu no Piauí dominava a técnica da tecelagem. A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) durante escavações no Parque Nacional da Serra das Confusões. No local, foi identificado o esqueleto de um indivíduo adulto do sexo masculino, além de uma série de artefatos.
Processo de manufatura
O crânio do indivíduo estava coberto com um grande fragmento cerâmico, o que é uma das formas indígenas de deposição funerária já observada em outros sítios arqueológicos no Norte e Nordeste do Brasil. Junto ao esqueleto, estavam um colar e dois braceletes feitos com contas em osso polido. Vestígios encontrados no local também apontam para um conjunto associado à produção de fibras ou tecidos a partir de algodão nativo. Segundo os arqueólogos, isso permite, pela primeira vez, remontar parte de seu processo de manufatura (coleta, fiação, tecelagem).
Claudia Cunha, Coordenadora do Laboratório de Osteoarqueologia da UFPI, disse que o esqueleto assim como outro, encontrado em 2022, é uma fonte valiosa de informação. “Esses esqueletos são muito informativos não apenas sobre como eram essas pessoas em vida, mas como se davam as relações sociais nas comunidades de onde vieram”, afirmou. “O que encontramos sugere uma população indígena com o domínio tecnológico da tecelagem. É mais um indício da presença, não de grupos isolados, em migração sazonal, mas de uma sociedade complexa ocupando o sul do Piauí", completou Grégoire van Havre, coordenador do projeto e professor da instituição.
O Parque Nacional da Serra das Confusões apresenta uma diversidade de vestígios arqueológicos, que vão desde a arte rupestre pintada e gravada em suas paredes, fogueiras estruturadas, estacas que são remanescentes de construções indígenas, objetos do cotidiano até um cemitério. O próximo passo das pesquisas inclui a datação por carbono-14 de um osso coletado em 2022. A análise já está em andamento no Laboratoire des Sciences du Climat et de l’Environnement, na França, e deve revelar mais informações sobre o período no qual viveu a população indígena que habitava o local.