A incrível história dos judeus que fugiram da Alemanha, mas voltaram para derrotar nazistas
Uma das mais incríveis histórias da Segunda Guerra Mundial envolve judeus que fugiram da Alemanha, mas voltaram à Europa como soldados do exército dos Estados Unidos para lutar contra os nazistas que os perseguiam. Esse grupo ficou conhecido como Ritchie Boys (em referência ao centro militar onde eram treinados, o Campo Ritchie, em Maryland).
Arma secreta
No início da Segunda Guerra, o Exército dos EUA percebeu que precisava de soldados que falassem alemão e italiano para exercer uma variedade de funções, como guerra psicológica, interrogatório, espionagem e interceptação de comunicações inimigas. Além de sua habilidade com o idioma, esses combatentes estavam familiarizados com a cultura e o pensamento dos inimigos, o que seria extremamente útil.
Muitos dos 15.200 selecionados para o programa eram judeus que fugiram da Alemanha nazista. A partir de 19 de junho de 1942, eles foram enviados para o Centro de Treinamento de Inteligência Militar no Campo Ritchie. Muitos desses soldados desembarcaram na Normandia, na França, no Dia D, 6 de junho de 1944, enquanto outros ficaram responsáveis por exercer tarefas especializadas, fornecendo informações avançadas às forças aliadas sobre os planos e táticas de guerra alemãs. As divisões que libertaram campos de concentração também incluíam centenas de Ritchie Boys, que entrevistaram sobreviventes.
“Os Ritchie Boys foram uma das maiores armas secretas da Segunda Guerra Mundial para a inteligência do Exército dos EUA”, disse Stuart E. Eizenstat, pouco antes de se tornar presidente do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, em 2022. “Muitos fugiram da Alemanha nazista, mas retornaram como soldados dos EUA, empregando seu conhecimento da língua e cultura alemãs com grande vantagem. Eles ajudaram significativamente no esforço de guerra e salvaram vidas”, completou, durante uma cerimônia no qual a instituição homenageou os soldados.
Embora os membros dos Ritchie Boys tenham recebido mais de 65 estrelas de prata, seu grupo não era muito conhecido durante a guerra. Isso mudou ao longo dos anos quando eles começaram a receber mais reconhecimento. Além do prêmio do Museu do Holocausto, o Senado dos EUA aprovou uma resolução em 2021 homenageando “a bravura e a dedicação dos Ritchie Boys” e reconhecendo “a importância de suas contribuições para o sucesso das Forças Aliadas durante a Segunda Guerra Mundial”.