A incrível vida dupla da dançarina Josephine Baker como espiã na 2ª Guerra
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No final da década de 1930, a dançarina e cantora Josephine Baker era uma das mulheres mais famosas do mundo. Mas, além de ter feito história nos mundos da arte e do entretenimento, ela tinha outro lado fascinante. Durante a Segunda Guerra Mundial, a artista levava uma agitada vida dupla como espiã para os Aliados.
Nascida em St. Louis, nos Estados Unidos, Josephine Baker teve uma infância pobre e difícil. Ela ficou pouco tempo na escola e se casou pela primeira vez aos 13 anos. Sofrendo discriminação racial em seu país de origem, ela partiu aos 19 anos para se apresentar como dançarina burlesca nos salões de Paris.
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Na capital francesa, suas apresentações ousadas de dança, nas quais aparecia vestida apenas com um colar de pérolas e uma saia em formato de bananas, Josephine se tornou uma sensação da Era do Jazz. Depois de começar a cantar e atuar em filmes, ela passou a ser a artista mais bem paga da Europa. Surpreendentemente, esse sucesso foi crucial para que ela se tornasse espiã.
A princípio, uma celebridade da estatura de Baker seria uma candidata improvável a ser espiã, já que ela nunca poderia viajar clandestinamente. Mas foi exatamente por isso que Jacques Abtey, chefe do serviço de inteligência militar da França recrutou a artista em 1939: sua fama seria um disfarce perfeito. Abtey esperava que Baker usasse seu charme, beleza e estrelato para arrancar segredos de diplomatas em festas nas embaixadas.
Josephine começou sua carreira de espionagem participando de festas diplomáticas nas embaixadas italiana e japonesa, colhendo informações sobre a possível entrada das potências do Eixo na guerra. Sem medo de ser pega, a espiã anotava o que ouvia nas palmas das mãos e nos braços, sob as mangas de camisas. Quando os nazistas ocuparam Paris, Josephine Baker se mudou para a região de Dordogne, no sul da França, onde abrigou membros da Resistência Francesa em sua nova casa.
Em novembro de 1940, Abtey e Josephine participaram de uma operação para contrabandear documentos para o general Charles de Gaulle, líder do governo da França Livre exilado em Londres. Sob o pretexto de embarcar em uma turnê sul-americana, a artista escondeu fotos secretas sob o vestido e levou informações sobre movimentos de tropas alemãs na França escritas com tinta invisível em partituras musicais.
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Em 1941, Josephine se transferiu para Casablanca, no Marrocos, onde trabalhou com a rede da Resistência Francesa e usou suas conexões para conseguir passaportes para judeus fugirem dos nazistas na Europa Oriental. Após a libertação de Paris, ela voltou para a cidade que amava em outubro de 1944.
Josephine vestiu seu uniforme mais uma vez em 1961 para receber duas das maiores honras militares da França, a Croix de Guerre e a Legião de Honra, em uma cerimônia na qual os detalhes de seu trabalho de espionagem foram revelados ao mundo. Ela continuou a fazer apresentações musicais até morrer, em 1975, aos 68 anos.