Inédito: sala do trono de "rainha" de civilização antiga é encontrada no Peru
Durante escavações no antigo sítio arqueológico de Pañamarca, no Peru, arqueólogos encontraram uma sala que provavelmente abrigava o trono de uma importante figura feminina associada à deusa lunar. O local da descoberta abrigou um centro monumental da civilização Moche, que habitou a costa norte do país entre os séculos IV e IX. Essa população era conhecida por seus ricos túmulos de elite, arquitetura elaborada e obras de arte impressionantes.
Mulher poderosa
Pañamarca é uma das áreas mais ao sul da cultura Moche, conhecida por suas imponentes construções e ricas pinturas murais. O local inclui uma grande plataforma de adobe e uma praça cercada por murais que retratam guerreiros, cerimônias e batalhas entre seres sobrenaturais. Durante as escavações recentes, foram descobertas pinturas inéditas que mostram uma mulher poderosa recebendo visitantes e sentada em um trono, algo nunca antes visto em escavações no Peru.
A mulher retratada nas pinturas está relacionada à Lua e ao mar, além de ser associada às habilidades de tecelagem. Entre as novas descobertas, estão cenas raras de um grupo de mulheres tecendo, além de homens carregando tecidos e a coroa da líder feminina. "Pañamarca continua a nos surpreender. Não só pela criatividade inesgotável dos seus pintores, mas também porque as suas obras estão a mudar as nossas expectativas sobre os papéis de gênero no antigo mundo Moche.", afirmou Lisa Trever, professora da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Outra área recém-revelada é a Sala das Serpentes Trançadas, onde pilares decorados mostram figuras compostas por serpentes entrelaçadas com corpos humanos, um motivo raro na arte Moche. Outras superfícies foram decoradas com imagens de guerreiros, armas antropomorfizadas e um grande monstro perseguindo um homem. “Situada acima da praça, esta sala oferecia uma posição de destaque - quase como os camarotes de um teatro ou de um estádio - a partir da qual se podia observar o que acontecia abaixo, ao mesmo tempo que proporcionava espaços privados para os seus ocupantes privilegiados”, explicou a arqueóloga Michele L. Koons, do Museu de Natureza e Ciência de Denver, nos Estados Unidos.
Além das escavações, há um intenso trabalho de conservação para preservar essas descobertas. As pinturas murais, por sua fragilidade, não são acessíveis ao público, e após cada temporada de campo, as áreas são protegidas para evitar deterioração.