Livro dos Mortos: o texto de 3 mil anos encontrado ao lado de múmias e que promete vida eterna
O Livro dos Mortos consiste em uma série de textos elaborados pelos antigos egípcios para servir como um guia para a vida após a morte. Nos escritos, são encontrados uma série de sortilégios mágicos que ajudariam os falecidos a passar pelo julgamento de Osíris, auxiliá-los em sua jornada pelo mundo subterrâneo e migrar para outra vida. No início, os egípcios grafavam os textos nas paredes das tumbas, no entanto, em períodos posteriores, eles passaram a registrar os escritos no linho usado para embrulhar os corpos mumificados.
Livro dos Mortos de Qenna
Um dos exemplares mais fascinantes do Livro do Mortos pertence ao acervo do Museu Nacional de Antiguidades da Holanda. Trata-se de um texto de 3 mil anos escrito em um papiro de 17 metros de comprimento. O artefato foi encontrado em Luxor, na tumba de um antigo comerciante egípcio chamado Qenna, que possivelmente viveu no início do reinado de Ramsés I.
Entre os textos contidos nesse exemplar do Livro dos Mortos, que devem ser lidos da direita para a esquerda, estão feitiços e instruções sobre como venerar os deuses, enfrentar o Lago de Fogo e chegar ao tribunal divino, quando o coração do Quenna seria pesado em uma balança. De acordo com a tradição egípcia, para provar que tinha vivido uma vida boa, o órgão não podia pesar mais do que uma pena de avestruz.
Além disso, existem feitiços para invocar a ajuda do deus da magia e da Lua, Toth, e também para derrotar várias criaturas perigosas, como quatro crocodilos que querem tirar os poderes mágicos de Qenna, ou a serpente Apep, inimigo número um de Ra, o deus do Sol.
Segundo os pesquisadores, o exemplar do Livro dos Mortos encontrado na tumba de Qenna foi confeccionado com muito apuro técnico. De acordo com Daniel Soliman, curador da coleção egípcia do Museu Nacional de Antiguidades da Holanda, os textos estão escritos em hieróglifos e contêm gravuras sofisticadas. Muitos dos diferentes feitiços apresentam ilustrações muito elaboradas e detalhadas em cores diferentes
Em 1835, o rolo de papiro foi comprado em leilão pelo primeiro diretor do Museu Nacional de Antiguidades da Holanda, Caspar Reuvens, e separado em 38 fragmentos para que pudesse ser manuseado, como era costume da época. Desde então, o artefato arqueológico é submetido a um trabalho constante de manutenção e restauração. O artefato está atualmente em exibição na instituição.