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Mistério do suposto crânio da irmã de Cleópatra é resolvido após quase 100 anos

Novas análises revelam segredos dos restos mortais encontrados em 1929 que seriam de Arsínoe IV, assassinada por ordem de Marco Antônio 
Por History Channel Brasil em 24 de Janeiro de 2025 às 16:05 HS
Mistério do suposto crânio da irmã de Cleópatra é resolvido após quase 100 anos-0

Cleópatra teve uma irmã, Arsinoé IV, cujos restos mortais sempre foram cercados de mistério. Durante décadas, especulou-se que um crânio encontrado em 1929 nas ruínas de uma construção na Turquia pudesse ser dela. O local da descoberta, conhecido como "Octógono", era arquitetonicamente inspirado no Farol de Alexandria, e sua localização em Éfeso (onde ela foi assassinada por ordem de Marco Antônio) reforçava a hipótese. No entanto, análises recentes lideradas pela Universidade de Viena, na Áustria, descartaram essa possibilidade.

Antropologia forense

A descoberta original foi feita pelo arqueólogo Josef Keil, que encontrou um sarcófago cheio de água no Octógono. Dentro dele, havia um esqueleto completo, mas Keil levou apenas o crânio para análises posteriores. Um estudo feito em 1953 sugeria que o crânio pertencia a uma jovem de alta posição social, possivelmente ligada à aristocracia. Décadas depois, em 1982, o restante do esqueleto foi encontrado em uma câmara anexa, mas nenhuma evidência concreta confirmava que era de Arsinoé. Ainda assim, a teoria persistiu, alimentando debates e publicações até os dias de hoje.

Com o avanço da antropologia forense, métodos modernos como tomografia computadorizada e análise genética foram aplicados ao crânio. As novas análises confirmaram que o crânio e o restante do esqueleto pertenciam à mesma pessoa, A datação indicou que ele viveu entre 36 e 205 a.C., compatível com o período de Arsinoé, mas sua identidade como irmã de Cleópatra foi descartada. Isso porque o o DNA revelou um cromossomo Y, indicando que o indivíduo era do sexo masculino. 

As análises revelaram ainda que os restos pertenciam a um menino de aproximadamente 11 a 14 anos, com origem provável na Itália ou Sardenha, que, além disso, apresentava patologias ósseas. Seu crânio apresentava deformações significativas, e sua mandíbula subdesenvolvida dificultava a mastigação. Os dentes indicavam problemas de alinhamento e desgaste desigual, provavelmente causados por uma condição genética ou deficiência nutricional, como a falta de vitamina D. Embora a identidade do jovem permaneça desconhecida, fica claro que ele tinha status social elevado para ser enterrado em um túmulo tão sofisticado.

Assim, o paradeiro dos restos mortais de Arsínoe IV, continua sendo um mistério, assim como os de sua irmã Cleópatra.
 

Fontes
Universidade de Viena
Imagens
Gerhard Weber/Universidade de Viena/Divulgação