A origem do Carnaval: paganismo e religiosidade estão por trás da festa popular
Celebrado em diversas partes do mundo, especialmente no Brasil, o Carnaval tem origens pagãs e religiosas. Alguns historiadores acreditam que suas raízes podem estar em festividades da Roma Antiga, como a Saturnália, que homenageava Saturno, deus da agricultura. Os romanos aproveitavam esse evento para jogar, cantar, tocar música, festejar e socializar.
Origens do Carnaval
Quando o cristianismo chegou a Roma, os líderes religiosos decidiram incorporar essas tradições populares locais à nova fé, uma tarefa mais fácil do que aboli-las completamente. Como resultado, o excesso e a devassidão do período da Saturnália passaram a celebrar os últimos dias antes da Quaresma, os 40 dias de jejum e penitência entre a Quarta-feira de Cinzas e o Domingo de Páscoa. A palavra "Carnaval" vem do latim medieval: carnelevarium significa "retirar a carne".
Tradicionalmente, o dia que antecede a Quarta-feira de Cinzas é chamado de "Terça-feira Gorda". Isso porque antes de começar o período de jejum, os foliões se fartavam de todo o tipo de alimento engordativo, como carne, ovos, leite, banha e queijo. Junto com o cristianismo, o Carnaval se espalhou de Roma para outros países europeus, incluindo França, Alemanha, Espanha e Inglaterra.
O famoso Carnaval de Veneza teria começado após a vitória militar da República veneziana sobre o Patriarca de Aquileia, Ulrico di Treven, no ano de 1162. Em homenagem a essa conquista, o povo começou a dançar e se reunir na Praça de São Marcos. Aparentemente, esse festival começou naquele período e tornou-se oficial no Renascimento. As máscaras e trajes que se usam até hoje são característicos do século XVIII.
Carnaval no Brasil
No Brasil, o Carnaval começou a ser comemorado durante o período colonial. Uma das primeiras manifestações foi o entrudo, que desembarcou no país entre os séculos XVI e XVII. O termo, derivado do latim "introitus" significava "entrada", "começo", nome com o qual a Igreja denominava o começo das solenidades da Quaresma. Tanto em Portugal, como no Brasil, o Carnaval não se assemelhava aos festejos da Itália Renascentista, pois era uma brincadeira de rua muitas vezes violenta.
Era comum as pessoas escravizadas molharem-se entre si, usando ovos, farinha de trigo, polvilho, cal, goma , laranja podre, restos de comida. Enquanto isso, as famílias brancas se divertiam em suas casas derramando baldes de água suja em passantes desavisados. Em meados do século XIX, no Rio de Janeiro, a prática do entrudo passou a ser criminalizada, principalmente após uma campanha contra a manifestação popular veiculada pela imprensa.
Com o passar dos anos, o Carnaval foi se espalhando pelo país, criando novas tradições e incorporando novos ritmos musicais. O surgimento das sociedades carnavalescas contribuiu para a popularização da festa entre as pessoas mais pobres. No final do século XIX, buscando adaptar-se às tentativas de disciplinamento policial, foram criados os cordões e ranchos.
Ainda no século XIX, surgiram as marchinhas de Carnaval, com Chiquinha Gonzaga despontando como uma de suas principais compositoras. A partir do século XX, a popularização da festa contribuiu para o surgimento do samba, estilo musical muito influenciado pela cultura africana. A partir da consolidação dos blocos de rua e das escolas de samba, o Carnaval assumiu o posto de maior festa popular do Brasil.