Inicio

Pesquisadores descobrem a inesperada origem de misteriosas múmias chinesas

Análise genética identificou uma população do Holoceno dos antigos euroasiáticos no deserto de Tarim
Por History Channel Brasil em 04 de Novembro de 2021 às 19:56 HS
Pesquisadores descobrem a inesperada origem de misteriosas múmias chinesas-0

Há algumas décadas, quando várias múmias da Idade de Bronze foram descobertas na Bacia do Tarim, na China, pesquisadores ficaram intrigados. Características físicas levaram os cientistas a acreditar que os corpos pertenciam a viajantes vindos de outras regiões. Agora, uma nova pesquisa genética finalmente revelou o mistério por trás das origens dos restos mortais.

Origem das múmias

O mistério começou quando centenas de corpos mumificados de forma natural apareceram repentinamente na caverna do rio Tarim, na China, no final da década de 1990. Segundo o Instituto Max de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, as múmias foram datadas dentro de um período entre os anos de 2000 a.C. e 200 a.C. 

As múmias, em bom estado de preservação, chamaram a atenção dos pesquisadores por seus traços, de características ocidentais, e suas roupas incomuns para a época e a região. Análises forenses anteriores levaram os especialistas a sugerir que deveriam se tratar de imigrantes vindos do Mar Negro ou da região do Irã, mas o novo estudo chegou a uma conclusão diferente. 

Múmia da Bacia do Tarim



Para sua surpresa, os pesquisadores descobriram que as múmias não eram recém-chegadas à região. A análise indica que elas faziam parte de uma população local geneticamente isolada, mas culturalmente cosmopolita e integrada com seus vizinhos. Sua genética sugere que elas são descendentes diretas dos Antigos Eurasianos do Norte, população humana que se difundiu durante o Pleistoceno (era compreendida entre 2.5 milhões e 11,7 mil anos atrás) e desapareceu em grande parte no final da última Era do Gelo.

“Apesar de estarem geneticamente isolados, os povos da Idade do Bronze da Bacia do Tarim eram notavelmente cosmopolitas do ponto de vista cultural - eles construíram sua culinária em torno do trigo e laticínios da Ásia Ocidental, milho do Leste Asiático e plantas medicinais como a efedra da Ásia Central”, disse Christina Warinner, professora de Antropologia na Universidade de Harvard e líder do estudo. De acordo com os pesquisadores, a descoberta ajuda a obter uma compreensão mais profunda da história da migração humana nas estepes da Eurásia.

Fontes
Gizmodo, Live Science e Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária
Imagens
Wenying Li/Instituto de Relíquias Culturais e Arqueologia de Xinjiang