Textos "mágicos" revelam segredos de um período de transição no Egito
Pesquisadores da Universidade de Würzburg, na Alemanha, passaram cinco anos estudando textos “mágicos” do Egito que foram escritos em papiro, pergaminho, papel e cacos de argila. Chamados de "óstracos", esses documentos foram escritos entre os séculos IV e XII d.C. Eles revelam segredos de um período de transição na história egípcia, abrangendo o fim do domínio romano e o início da conquista árabe da região.
Linguagem copta
Todos os textos analisados foram escritos na linguagem copta, o último estágio no desenvolvimento da língua egípcia. Esse idioma sucedeu o demótico por volta do século II d.C. e foi gradualmente substituído com a conquista árabe do Egito no século VII. O material foi compilado pelos pesquisadores e publicado em um livro intitulado "Papyri Copticae Magicae".
Usados em amuletos no pescoço ou escondidos secretamente na casa de um adversário, os textos tinham o propósito de curar doenças, amaldiçoar inimigos, evocar amor ou ódio ou adivinhar o futuro. “Estes documentos servem como uma importante fonte de informação sobre a religião popular – a realidade, e não o ideal, das práticas e crenças religiosas tal como eram vividas e praticadas na vida cotidiana”, disse a pesquisadora Markéta Preininger Svobodova.
Segundo os pesquisadores, os textos fornecem aos leitores de hoje informações sobre as experiências das pessoas no período da transição da religião tradicional egípcia para o cristianismo e o islamismo. “Esses textos nos dão uma visão direta da vida privada das pessoas naquela época; eles transmitem suas verdadeiras emoções”, afirmou Svobodova.
"A cristianização do Egito acabou com os cultos dos numerosos deuses do período faraônico, mas não acabou com a crença em um mundo cheio de poderes sobre-humanos", explicou o pesquisador Korshi Dosoo. Em vez disso, as pessoas transformaram seus antigos deuses em anjos e santos que serviram ao Deus Todo-Poderoso ou em seres malignos que causavam o caos.