"A maior fake news da história": quando muitos acreditaram que a Lua era habitada
Em março de 1835, uma estranha notícia se difundiu por todos os Estados Unidos, ultrapassando barreiras até chegar a todos os rincões do continente, e até cruzou oceanos, chegando à Europa e outras regiões do planeta. Durante seis dias, o jornal de Nova York The Sun informou "a descoberta mais importante da história humana". Com um poderoso telescópio, John Herschel, matemático e astrônomo inglês, teria descoberto vida inteligente na Lua.
Castor bípede
O hoje extinto jornal era na época de grande prestígio, como o The New York Times ou o New York Herald Tribune, e assim a notícia não tardou muito em chamar a atenção da população. De acordo com a publicação, Herschel havia desenvolvido o maior telescópio e o mais preciso jamais construído, que permitia avistar insetos na Lua a partir da África do Sul. Em seguida, Herschel teria visualizado flores e árvores de diversas espécies, muitos grupos de animais, semelhantes a bisões, e criaturas anfíbias com formato esférico movendo-se sobre as rochas lunares.
As "reportagens" traziam diversos detalhes a respeito da suposta descoberta. “Uma flor vermelho-escura de formato hexagonal, sendo esta a primeira produção orgânica da natureza em um mundo estranho no qual os olhos do homem nunca se fixaram [...] O teste de vegetação mostra que a Lua tem uma atmosfera formada à nossa maneira, capaz de sustentar a vida orgânica e, consequentemente, também a vida animal”, dizia um dos textos.
O cientista teria usado "lupas de hidrogênio" para identificar diversas espécies de seres vivos lunares. Entre eles, estavam animais fantásticos, como o urso com chifres e o castor bípede, que vivia em cavernas e dominava o fogo: “Eles levam as crianças nos braços como qualquer ser humano, e suas moradias são mais bem construídas e mais altas que as de muitas tribos de humanos selvagem”, afirmou o The Sun.
Depois de aumentar seu número de assinantes, o jornal admitiu discretamente que tratava-se de uma mentira. Herschel não teria tido nada a ver com a história inventada pelo jornal e inclusive chegou a brincar a respeito, dizendo que seu próximo artigo seria muito entediante para os leitores, que estavam tão entusiasmados com a falsa notícia.