Bactérias dos dentes de neandertais podem ser usadas para desenvolver antibióticos
Ao extrair e analisar o DNA encontrado em amostras dentárias de neandertais e humanos primitivos, uma equipe internacional de cientistas conseguiu reconstruir o genoma de bactérias do passado. Os pesquisadores acreditam que componentes desses antigos micróbios poderão ser usados no desenvolvimento de novos antibióticos. O estudo foi publicado na revista Science.
Amostras de tártaro
No estudo, liderado pela pesquisadora Christina Warinner, arqueóloga biomolecular da Universidade de Harvard, foram analisadas amostras de tártaro dos dentes de 12 neandertais, 34 humanos primitivos, e 18 humanos contemporâneos que viveram entre 100 mil anos atrás até o presente na Europa e na África. Com isso, foram encontrados 459 genomas diferentes. Entre eles, foi identificado um agrupamento genético compartilhado por sete indivíduos do período paleolítico.
A equipe usou as ferramentas da biotecnologia molecular sintética para permitir que as bactérias vivas produzissem as substâncias químicas codificadas pelos genes antigos. Esta foi a primeira vez que essa abordagem foi aplicada com sucesso a bactérias antigas, resultando na descoberta de uma nova família de produtos naturais microbianos que os pesquisadores chamaram de “paleofuranos”. Segundo os cientistas, esse componente tem o potencial de resultar na criação de novos antibióticos.
"Os micróbios são os maiores químicos da natureza, e entre suas criações estão um grande número de antibióticos e outras drogas terapêuticas. A produção desses complicados produtos químicos naturais não é simples e, para isso, as bactérias dependem de tipos especializados de genes que codificam o maquinário enzimático capaz de fabricá-los. Atualmente, o estudo científico de produtos naturais microbianos é amplamente limitado a bactérias vivas, mas, como elas habitam a Terra há mais de 3 bilhões de anos, existe uma enorme diversidade de produtos naturais do passado com potencial terapêutico que permanecem desconhecidos para nós - até agora", disseram os pesquisadores em um comunicado.