Descoberta uma tempestade solar catastrófica que atingiu a Terra há 2.600 anos
As tempestades solares extremas são um tema que preocupa profundamente a comunidade científica, pois suas consequências podem ser devastadoras para a Terra. Agora, pesquisadores identificaram vestígios de um desses eventos que ocorreu em 664 a.C., cujas consequências, se repetidas hoje, poderiam comprometer satélites, redes elétricas e sistemas de comunicação em todo o mundo. Um estudos sobre o tema foi publicado na revista Communications Earth & Environment.
Eventos Miyake
As tempestades extremas, conhecidas como eventos Miyake, foram identificadas pela primeira vez em 2012, quando o físico japonês Fusa Miyake detectou picos de carbono radioativo em árvores. Esses eventos ocorrem quando o campo eletromagnético do Sol enfraquece, permitindo que plasma atinja a Terra, causando reações químicas que aumentam os níveis de isótopos radioativos.
A descoberta de um desses eventos ocorrido há 2.600 anos foi possível graças à análise de anéis de crescimento de árvores, que registram o carbono-14, um isótopo radioativo gerado pela radiação cósmica. Acredita-se que apenas seis eventos desse tipo tenham ocorrido nos últimos 14.500 anos, sendo o mais recente no ano 993 d.C. "Se acontecessem hoje, (esses eventos) teriam efeitos catastróficos na tecnologia de comunicação", explicou Irina Panyushkina, pesquisadora da Universidade do Arizona e líder do estudo.
Além das árvores, os pesquisadores compararam os dados com registros de berílio-10 em núcleos de gelo dos polos. "Se os núcleos de gelo do Polo Norte e do Polo Sul mostrarem um aumento de berílio-10 no mesmo ano que os anéis das árvores indicam mais radiocarbono, sabemos que houve uma tempestade solar", detalhou Panyushkina.
Apesar de seus esforços, a equipe não sabe se é possível antecipar quando esses eventos podem ocorrer. "Os anéis das árvores nos dão uma ideia da magnitude dessas tempestades, mas não conseguimos detectar um padrão. É improvável que possamos prever quando um evento assim ocorrerá", afirmou a pesquisadora.