Forma alternativa de gravidade poderia explicar mistério por trás do Planeta 9
No início do século XX, pesquisadores levantaram a hipótese da existência de um nono planeta nos confins do Sistema Solar. A maior indicação de sua presença surgiu na última década: evidências apontaram que sua atração gravitacional supostamente afetaria várias órbitas planetárias. Agora, um novo estudo publicado no periódico The Astronomical Journal aponta que uma forma alternativa de gravidade estaria por trás do fenômeno.
MOND
Harsh Mathur, professor de física na Case Western Reserve University, e Katherine Brown, professora de física no Hamilton College, formularam a nova hipótese depois de estudar o efeito que a Via Láctea teria sobre os objetos do Sistema Solar exterior, caso as leis da gravidade fossem governadas por uma teoria conhecida como Dinâmica Newtoniana Modificada (ou MOND, na sigla em inglês). A MOND propõe que a famosa lei da gravidade de Isaac Newton é válida até certo ponto. Ou seja, quando a aceleração gravitacional prevista pela lei newtoniana se torna pequena o suficiente, a MOND permite que um comportamento gravitacional diferente assuma o controle.
Mathur e Brown já haviam estudado o efeito da MOND na dinâmica galáctica. Mas eles ficaram interessados em seus efeitos mais locais depois que os astrônomos anunciaram em 2016 que alguns objetos no Sistema Solar exterior apresentavam anomalias orbitais que poderiam ser explicadas por um nono planeta. “Queríamos ver se os dados que apoiam a hipótese do Planeta Nove excluíram efetivamente a MOND”, disse Brown.
Em vez disso, as observações de Mathur e Brown indicariam que a MOND prevê precisamente o fenômeno que outros astrônomos relataram. Ao longo de milhões de anos, argumentam eles, as órbitas de alguns objetos no Sistema Solar exterior seriam arrastadas para o alinhamento com o próprio campo gravitacional da galáxia. Quando eles traçaram as órbitas dos objetos do conjunto de dados do Planeta 9 em relação ao campo gravitacional da própria galáxia, “o alinhamento foi impressionante”, disse Mathur.
Os autores salientam que o conjunto de dados atual ainda é pequeno e que uma série de outras possibilidades podem explicar o fenômeno. Anteriormente, outros astrônomos argumentaram que as peculiaridades orbitais são o resultado de viés observacional, por exemplo. Portanto, novos estudos serão necessários para comprovar essa hipótese.