Inteligência Artificial cria chip extraordinariamente superior, mas que "ninguém entende"
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Uma equipe internacional de pesquisadores alcançou um avanço extraordinário: utilizar a Inteligência Artificial para projetar chips sem fio complexos em questão de horas. Esse feito, tema de um estudo publicado na revista Nature Communications, comprime semanas de trabalho meticuloso dos humanos em um processo extremamente rápido.
Design inverso
A novidade não está apenas na eficiência do método, mas também na abordagem radicalmente diferente adotada pela IA. Enquanto os projetos humanos seguem padrões organizados e compreensíveis, as criações da Inteligência Artificial apresentam estruturas aparentemente caóticas e aleatórias que, no entanto, superam o desempenho dos designs convencionais.
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A equipe empregou uma rede neural convolucional (um algoritmo de Aprendizado Profundo) para desenvolver chips de ondas milimétricas, componentes essenciais para tecnologias como modems 5G. Diferentemente do método tradicional de design, que combina a experiência humana com modelos testados, os pesquisadores implementaram uma abordagem de design inverso: a IA parte do resultado desejado e trabalha de trás para frente para determinar a configuração ideal.
Essa inovação apresenta um dilema fascinante: os designs gerados são tão complexos que nem mesmo seus criadores humanos conseguem compreendê-los totalmente. Como destacou Kaushik Sengupta, líder do estudo e pesquisador da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos: "Os designs parecem formados ao acaso. Os humanos não conseguem realmente entendê-los", levantando questionamentos sobre a capacidade futura de reparar ou modificar esses chips.
Essa tecnologia pode transformar um setor avaliado em 4,5 bilhões de dólares, que, segundo previsões, triplicará nos próximos seis anos. Os pesquisadores sugerem que essas descobertas podem se estender para outras áreas do design de circuitos, permitindo a criação de chips otimizados para diferentes objetivos, como eficiência energética, desempenho ou largura de banda.
Sengupta afirmou que essa tecnologia deve ser vista como uma ferramenta complementar, projetada para aumentar, e não substituir, os designers humanos. A equipe optou por publicar suas descobertas em periódicos de acesso aberto, permitindo que outros pesquisadores aproveitem esses avanços para continuar desenvolvendo a tecnologia.