NASA pagou 11 mil euros para voluntários dormirem de cabeça para baixo
Para pesquisar os efeitos da microgravidade no corpo humano, cientistas da NASA e da Agência Espacial Alemã (DLR) recrutaram voluntários que deveriam deitar de cabeça para baixo em uma cama durante um mês. Os selecionados pelo programa receberam um valor de 11 mil euros para participar do estudo. Resultados da pesquisa foram publicados recentemente no periódico científico Frontiers in Physiology.
Demanda cardiorrespiratória
A pesquisa, chamada de "Artificial Gravity Bed Rest Study" ("estudo sobre o repouso na cama em gravidade artificial", em tradução livre), teve início em 2019. Os 24 voluntários (12 homens e 12 mulheres) recrutados para o projeto ficaram deitados durante 60 dias em uma cama inclinada a 6 graus, com a cabeça na parte mais baixa. O objetivo do estudo foi avaliar a demanda cardiorrespiratória e neuromuscular em um ambiente de gravidade artificial criado por centrifugação diária.
Durante o estudo, os participantes foram submetidos a repouso absoluto da cabeça para baixo, sendo alocados aleatoriamente em um de três grupos experimentais. O primeiro, era submetido a 30 minutos de centrifugação diária com aceleração de 1 g no centro de massa e 2 g nos pés aplicados continuamente (cAG). O segundo grupo era exposto à centrifugação intermitentemente de 5 minutos cada, separadas por intervalos de 3 minutos (iAG). Já o terceiro participou de um grupo de controle não centrifugado.
Segundo os pesquisadores, em média, as análises de variância revelaram que a frequência cardíaca durante a centrifugação aumentou em 40% (iAG) e 60% (cAG) em comparação com os valores de repouso. "Séries diárias de 30 minutos de gravidade artificial provocadas pela centrifugação resultam em uma demanda substancial no bombeamento cardíaco, sem aumentar o consumo de oxigênio", disseram. "Se a centrifugação for usada como uma contramedida para os efeitos deteriorantes da microgravidade no desempenho físico, recomendamos combiná-la com exercícios extenuantes", completaram.
Esses dados serão importantes para futuras missões de longo prazo à Lua ou a Marte.