Oxigênio é detectado pela primeira vez no lado diurno da atmosfera de Vênus

Pesquisadores detectaram pela primeira vez a presença de oxigênio no lado diurno da atmosfera de Vênus. A descoberta foi feita usando dados de um equipamento da NASA conhecido como Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha (SOFIA, na sigla em inglês). Um estudo sobre o tema, assinado por Heinz-Wilhelm Hübers, do Centro Aeroespacial Alemão, foi publicado na revista científica Nature Communications.

Oxigênio atômico

Analisando os dados da NASA, os cientistas detectaram sinais claros de oxigênio atômico pairando acima das nuvens tóxicas de Vênus. O elemento (cuja vida útil é mínima devido à forte reatividade) já havia sido observado no lado noturno de Vênus, mas nunca em seu lado diurno.

O oxigênio atômico é diferente do oxigênio que os organismos vivos normalmente respiram, que é o oxigênio molecular (O2). Na Terra, ele é abundante em grandes altitudes, onde é criado pela fotodissociação do oxigênio molecular (quando os fótons solares decompõem o O2 atmosférico). Os cientistas acreditam que um processo semelhante ocorra em Vênus. 

Existem duas fortes correntes na atmosfera de Vênus. Abaixo de 70 quilômetros, há ventos com força de furacão soprando contra a direção de rotação do planeta, mas acima de 120 quilômetros, ventos fortes fluem na direção de rotação. Segundo os cientistas, há uma camada de oxigênio atômico entre essas duas correntes atmosféricas opostas. Esta camada é produzida pela radiação ultravioleta do Sol, que decompõe o dióxido de carbono e o monóxido de carbono da atmosfera de Vênus em oxigênio atômico e outros produtos.

“Conseguimos mostrar que o oxigênio é formado no lado diurno de Vênus e que sua concentração também cai com a diminuição da radiação solar. No lado noturno, um aumento local na concentração indica um enriquecimento de oxigênio atômico como resultado das correntes de vento", disse Hübers.

Vênus é conhecido como "o gêmeo malvado" da Terra devido à grande semelhança de tamanho entre a massa e a composição dos dois planetas. Mas enquanto nosso planeta é verdejante e cheio de vida, seu vizinho abriga nuvens tóxicas e temperaturas infernais. O novo estudo poderá ajudar os cientistas a desvendar o mistério da razão pela qual a atmosfera venusiana se tornou tão diferente da terrestre.