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Primeiro buraco negro adormecido é encontrado fora da Via Láctea

Esse tipo de estrutura é previsto em teoria, mas nunca havia sido identificado
Por History Channel Brasil em 22 de Julho de 2022 às 17:43 HS
Primeiro buraco negro adormecido é encontrado fora da Via Láctea-0

Pela primeira vez, pesquisadores encontraram um buraco negro adormecido fora da Via Láctea. Batizado de VFTS 243, ele tem nove vezes a massa do nosso Sol e orbita uma estrela na galáxia Grande Nuvem de Magalhães. A descoberta aconteceu após seis anos de observações com o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu Austral (ESO), no Chile.

"Agulha no palheiro"

O buraco negro é considerado “adormecido” por não emitir altos níveis de radiação de raios-X, que é como essas estruturas são normalmente detectadas. Esse tipo de buraco negro é previsto em teoria, mas nunca havia sido identificado. "Encontramos uma agulha no palheiro", disse Tomer Shenar,  pesquisador da Universidade de Amsterdã que liderou o estudo, publicado na revista Nature Astronomy.

Buracos negros de massa estelar são formados quando estrelas massivas chegam ao fim de suas vidas e colapsam sob sua própria gravidade. Em um binário, um sistema de duas estrelas girando em torno uma da outra, esse processo deixa para trás um buraco negro orbitando uma estrela.  “Há mais de dois anos, procurávamos esses sistemas binários de buracos negros”, disse Julia Bodensteiner, coautora do estudo e pesquisadora do ESO.

A descoberta oferece à equipe uma visão única dos processos que acompanham a formação dos buracos negros. Os astrônomos acreditam que um buraco negro de massa estelar se forma quando o núcleo de uma estrela massiva moribunda entre em colapso, mas ainda não se sabe se isso é acompanhado ou não por uma explosão de supernova.

"A estrela que formou o buraco negro VFTS 243 parece ter colapsado completamente, sem nenhum sinal de uma explosão anterior", explicou Shenar. "Evidências para esse cenário de 'colapso direto' surgiram recentemente, mas nosso estudo fornece uma das indicações mais diretas. Isso tem enormes implicações para a origem das fusões de buracos negros no cosmos", completou.

Fontes
ESO e The Guardian
Imagens
ESO/L. Calçada/Divulgação