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Surgimento de bolsões de calor extremo em todo o planeta preocupa cientistas

Novo estudo revela “pontos quentes” inéditos que ultrapassam previsões científicas
Por History Channel Brasil em 28 de Novembro de 2024 às 16:05 HS
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Novas ondas de calor extremo estão surgindo em diversos locais do planeta, surpreendendo cientistas pela intensidade e frequência. Segundo pesquisadores, o fenômeno têm causado milhares de mortes, devastado colheitas e florestas e provocado incêndios de grandes proporções. Um novo estudo publicado no periódico PNAS mapeou pela primeira vez essas áreas, mostrando que esses “bolsões quentes” aparecem em todos os continentes, exceto na Antártida. 

Estufas temporárias

O levantamento analisou dados dos últimos 65 anos e identificou padrões de calor que aceleram muito mais rápido do que as temperaturas médias. Um exemplo marcante foi a onda de calor de 2021 que atingiu o noroeste dos Estados Unidos e o sudoeste do Canadá, quebrando recordes diários em até 30°C. O evento devastou comunidades inteiras, como a cidade de Lytton, na Colúmbia Britânica, que foi destruída por incêndios logo após registrar 49,6°C, a maior temperatura já registrada no Canadá.

Mapa mostrando os bolsões de calor
Mapa mostrando os bolsões de calor (Imagem: Adaptado de Kornhuber et al., PNAS 2024, via EurekAlert)

Regiões como Europa Ocidental, China Central, Japão, e partes da África estão entre as mais afetadas. Na Europa, as ondas de calor mataram mais de 100 mil pessoas entre 2022 e 2023, evidenciando a vulnerabilidade de países como Alemanha e França, onde a infraestrutura não está preparada para temperaturas tão altas. Mesmo nos Estados Unidos, considerado mais preparado, o calor extremo já mata mais do que furacões, tornados e enchentes juntos.

"As grandes e inesperadas margens pelas quais extremos regionais recentes quebraram recordes anteriores levantaram dúvidas sobre a capacidade dos modelos climáticos de fornecer estimativas adequadas das relações entre mudanças na temperatura média global e os riscos climáticos regionais", aponta o estudo. Segundo Kai Kornhuber, principal autor e pesquisador da Escola de Clima da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, "essas regiões se tornam estufas temporárias".

Os cientistas ainda buscam compreender as causas desses fenômenos, mas fatores como alterações no jato de ar polar e ressecamento da vegetação parecem desempenhar papéis importantes. "Devido à sua natureza sem precedentes, essas ondas de calor estão geralmente associadas a impactos severos na saúde, agricultura e infraestrutura", alertou Kornhuber. "Não estamos preparados para elas, e talvez não consigamos nos adaptar rápido o suficiente", completou.

Fontes
Escola de Clima da Universidade de Columbia, via EurekAlert
Imagens
istock