Antiga tinta do Império Romano mais valiosa que ouro é encontrada na Inglaterra
Durante escavações preliminares antes do início de obras de ampliação de um campo de críquete em Carlisle, na Inglaterra, arqueólogos fizeram uma descoberta surpreendente. Eles se depararam com as ruínas de uma grande casa de banhos da época do Império Romano. No local, os pesquisadores também encontraram um misterioso pigmento de cor púrpura dentro de um estranho pedaço de rocha.
Púrpura tíria
Intrigados com a descoberta, os arqueólogos mandaram o material para ser analisado por Diana Blumberg, especialista da Universidade de Newcastle. Os testes revelaram a presença de cera de abelha e bromo (indicando origem marinha), o que forneceu pistas para desvendar o mistério. Eles concluíram que o estranho pigmento era, na verdade, púrpura tíria, uma tinta produzida a partir do muco secretado por várias espécies de caramujos marinhos.
A púrpura tíria era usada em pinturas de parede da Grécia e Roma antigas e como corante em têxteis. Na antiguidade, essa tinta era mais valorizada que o ouro, pois sua produção exigia um trabalho pesado e demorado (era necessário esmagar dezenas de milhares de caramujos para obtê-la) . Por causa disso, itens coloridos com o pigmento tornaram-se associados ao poder e à riqueza, e ninguém em todo o Império Romano tinha permissão para usar itens tingidos com o pigmento além do imperador.
A descoberta de Diana fez com que o arqueólogo Frank Giecco, que liderou as escavações, concluísse que a casa de banho pode ter sido construída para o imperador romano Septímio Severo, que chegou à Grã-Bretanha em 208 d.C. Acredita-se que essa seja a primeira vez que a púrpura tíria foi encontrada em uma escavação no Reino Unido. Além disso, esse possivelmente é o único exemplo de uma amostra sólida na forma de pigmento dessa tinta em qualquer lugar do Império Romano.