Joias de esposa de faraó revelam desconhecida rota comercial entre Egito e Grécia
Ao analisar uma coleção de braceletes da Rainha Heteferés I, figura importante do Antigo Egito, pesquisadores fizeram uma descoberta inesperada. A análise detalhada das joias indica que elas foram feitas com prata provavelmente importada das Cíclades, um conjunto de ilhas gregas. Isso sugere a existência de redes de comércio de longa distância previamente desconhecidas entre o Egito e a Grécia.
Mãe de Queóps
Tendo vivido por volta de 2600 a.C., a Rainha Heteferés I foi esposa do Rei Seneferu, da IV Dinastia, e mãe de Queóps, o lendário faraó responsável pela construção da Grande Pirâmide de Gizé. Os braceletes, descobertos em sua tumba em 1925, há muito tempo intrigam historiadores e arqueólogos devido a sua sofisticação e valor histórico. Embora as joias tenham sido examinadas décadas atrás, a tecnologia da época não permitia uma compreensão aprofundada da origem do metal e das técnicas utilizadas em sua criação.
Study of a stunning silver bracelet belonging to #Egyptian Queen Hetepheres I, has revealed an intricate and #ancient trade network reaching to #Greece, dating back to 2600 BC.https://t.co/9VOBKVpSkg
— Ancient Origins (@ancientorigins) May 30, 2023
Agora, por meio de uma análise meticulosa de amostras retiradas das joias, os pesquisadores descobriram que o material principal utilizado nas peças era prata, com a presença de traços de cobre, ouro e chumbo. Curiosamente, enquanto o Egito era conhecido por sua abundância de ouro, o reino não possuía fontes locais de prata. O novo estudo indica que o metal provavelmente era importado de minas nas ilhas Cíclades, situadas no Mar Egeu.
Os pesquisadores sugerem que a prata foi adquirida através do porto de Biblos, situado na costa do Líbano, tornando-se a evidência mais antiga de trocas de longa distância entre o Egito e a Grécia. "A origem da prata usada em artefatos durante o terceiro milênio a.C. permaneceu um mistério até agora. Essa nova descoberta demonstra, pela primeira vez, a extensão geográfica potencial das redes de comércio usadas pelo estado egípcio durante o início do Reino Antigo, no auge da era de construção das pirâmides", disse Karin Sowada, especialista do Departamento de História e Arqueologia da Universidade Macquarie, na Austrália.