Estudos contestam cientista que disse ter encontrado "esferas alienígenas" no mar
Há alguns meses, Avi Loeb, professor da Universidade de Harvard, liderou uma expedição para recuperar restos de um suposto objeto espacial que teria caído no Oceano Pacífico. Durante a missão, sua equipe recuperou diversas esferas minúsculas cujas composições que não corresponderiam a nenhuma liga metálica conhecida na Terra, o que comprovaria sua origem interestelar (e levantaria a possibilidade de que poderiam ser fruto de tecnologia alienígena). Mas outros cientistas não estão convencidos disso e contestaram as conclusões do pesquisador.
Poluentes da Terra
Em um estudo publicado ano passado, Loeb e seu colega Amir Siraj concluíram que o pequeno objeto que caiu no Pacífico há nove anos atingiu a Terra a uma velocidade de 210 mil km por hora, muito acima da média de asteroides originados do nosso Sistema Solar, fazendo dele um objeto interestelar. Mas, um estudo recente publicado na plataforma arXiv levanta a hipótese de que pode ter havido um erro na medição da velocidade. Os autores da pesquisa dizem ainda que caso a velocidade esteja mesmo correta, seria improvável que sobrassem restos do objeto.
“Se fosse interestelar, praticamente nenhum dos bólidos de 08/01/2014 teria sobrevivido à entrada”, escreveram os professores Steven Desch, da Universidade Estadual do Arizona, e Alan Jackson, da Universidade de Towson, autores do novo estudo. "Se estivesse viajando nas velocidades relatadas (e necessárias para ser interestelar), então pelo menos 99,8%, e provavelmente mais de 99,9999% dele, teria vaporizado na atmosfera, deixando quantidades insignificantes depositadas no fundo do mar", afirmaram.
O estudo também coloca dúvidas se seria possível provar que as esferas encontradas vieram de um objeto espacial específico. Segundo seus autores, seria extremamente difícil encontrar pequenos pedaços desse espécime exato pesquisando o oceano num raio de 48 quilômetros, quase 10 anos depois de sua queda. Um outro estudo, publicado no periódico Research Notes of the AAS, sugere que a composição das esferas indica que elas têm origem em poluentes da Terra, pois correspondem ao perfil dos contaminantes de cinzas de carvão.
Loeb respondeu a essas críticas argumentando que os novos estudos não podem avaliar adequadamente a composição das esferas sem estudá-las diretamente. O pesquisador pediu aos críticos para não tirarem conclusões precipitadas sobre a origem do material até que todos os dados estejam disponíveis. Segundo ele, 93% das amostras ainda não foram analisadas.