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NASA pode ter destruído evidência de vida em Marte há 50 anos por acidente

Cientista diz que amostras coletadas pelas missões Viking poderiam conter microrganismos que acabaram eliminados sem querer
Por History Channel Brasil em 09 de Setembro de 2023 às 16:02 HS
NASA pode ter destruído evidência de vida em Marte há 50 anos por acidente-0

Um cientista afirmou que a NASA pode ter encontrado evidências de vida em Marte na década de 1970, mas tê-las destruído por acidente. De acordo com Dirk Schulze-Makuch, astrobiólogo da Universidade Técnica de Berlim, na Alemanha, amostras de rochas marcianas coletadas pelas missões Viking poderiam conter microrganismos. Segundo ele, esses seres vivos teriam sido eliminados por uma sucessão de erros dos cientistas da agência espacial dos Estados Unidos.  

Excesso de água?

Quando pousaram em Marte em 1976, as duas sondas Viking tinham uma série de objetivos. Um deles era executar um conjunto de experimentos destinados a testar o solo marciano em busca de bioassinaturas (vestígios de moléculas que indicam a presença de vida). Usando um método conhecido como espectrômetro de massa com cromatógrafo gasoso (GCMS), os pesquisadores encontraram compostos orgânicos clorados nas amostras. Na época, os cientistas interpretaram que o material havia sido contaminado por produtos de limpeza e, portanto, descartaram a presença de sinais biológicos.

Hoje em dia se sabe que compostos orgânicos clorados são nativos de Marte, embora ainda não se saiba se são produzidos por processos biológicos ou não biológicos. Nos últimos anos, cientistas têm especulado que os experimentos biológicos feitos pelas missões Viking podem ter sido destrutivos. Como o GCMS precisava aquecer as amostras para separar os vários materiais nelas contidos, isso poderia ter incinerado os mesmos produtos orgânicos que esperava encontrar.

Agora, em um artigo para o site Big Think, Schulze-Makuch diz que outros experimentos das missões Viking também poderiam ter destruído evidências de vida marciana. Mais especificamente, ele cita as experiências de libertação rotulada e de libertação pirolítica, que envolviam a infusão de líquido em amostras marcianas. Mas o pesquisador acredita que a maioria desses experimentos pode ter produzido resultados distorcidos porque usaram muita água.

Na época, os cientistas presumiam que a possível vida em Marte seria como a da Terra e necessitaria da presença abundante de água para existir. Mas, como se sabe atualmente, a vida pode resistir em condições extremamente secas, como no deserto chileno do Atacama. Lá, micróbios conseguem viver escondendo-se em rochas higroscópicas, que são muito salgadas e extraem pequenas quantidades de água do ar que as rodeia.

Superfície de Marte

"Agora vamos perguntar o que aconteceria se você derramasse água sobre esses micróbios adaptados à seca", questionou Schulze-Makuch. "Isso poderia sobrecarregá-los? Em termos técnicos, diríamos que os estávamos hiperhidratando, mas em termos simples, seria mais como afogá-los", afirmou. O cientista espera que novas missões ao Planeta Vermelho possam finalmente tirar as dúvidas sobre a presença de vida em Marte.

Fontes
Science Alert e Live Science
Imagens
iStock