Estudo revela “vida sexual” secreta das bactérias
Um novo estudo publicado na revista Nature Communications pode revolucionar o que se sabe sobre as bactérias. Durante anos, acreditou-se que esses microrganismos não poderiam ser organizados em espécies devido à maneira única como trocam genes. Porém, a pesquisa revela que bactérias não só formam espécies, mas também mantêm essa coesão por meio de processos surpreendentemente semelhantes aos de reprodução sexual.
Coesão das espécies
Para investigar como as espécies microbianas mantêm suas identidades distintas, a equipe analisou os genomas completos de micróbios de duas populações naturais. Eles coletaram e sequenciaram mais de cem linhagens de Salinibacter ruber de salinas solares na Espanha. Em seguida, analisaram um conjunto de genomas de Escherichia coli, isolados de fazendas de criação de animais no Reino Unido. Eles compararam os genomas de micróbios intimamente relacionados para observar como os genes estavam sendo trocados.
Os pesquisadores descobriram que um processo chamado “recombinação homóloga” desempenha um papel importante em manter as espécies microbianas coesas. A recombinação homóloga ocorre quando micróbios trocam DNA entre si e integram o novo DNA em seu genoma, substituindo seu próprio DNA semelhante. Foi observado que a recombinação ocorre frequentemente e de maneira aleatória em todo o genoma dos micróbios, e não apenas em algumas regiões específicas.
“Isso pode ser fundamentalmente diferente da reprodução sexuada em animais, plantas, fungos e organismos não bacterianos, onde o DNA é trocado durante a meiose, mas o resultado em termos de coesão das espécies pode ser semelhante”, disse Kostas Konstantinidis, líder do estudo e pesquisador do Instituto de Tecnologia da Geórgia (Georgia Tech), nos Estados Unidos. “Essa troca constante de material genético atua como uma força coesiva, mantendo os membros da mesma espécie semelhantes”, completou
Além disso, a pesquisa mostrou que membros da mesma espécie tendem a trocar DNA entre si mais do que com organismos de outras espécies, reforçando os limites entre as espécies. Os resultados têm implicações importantes para campos como ciência ambiental, evolução, medicina e saúde pública. A metodologia desenvolvida também promete avanços em estudos epidemiológicos e de biodiversidade microbiana, ajudando a identificar e regular organismos de interesse clínico ou ambiental.