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Cometas podem ter contribuído para a origem da água na Terra, diz estudo

Novas evidências colocam em xeque conclusões anteriores que haviam enfraquecido essa hipótese
Por History Channel Brasil em 06 de Dezembro de 2024 às 12:58 HS
Cometas podem ter contribuído para a origem da água na Terra, diz estudo-0

Pesquisadores liderados pela NASA encontraram evidências de que cometas podem ter contribuído para a chegada de água ao nosso planeta. A nova descoberta coloca em xeque conclusões anteriores que sugeriam o contrário. Um estudo sobre o tema foi publicado na revista Science Advances.

Cometas da família de Júpiter

A formação da Terra, há cerca de 4,6 bilhões de anos, ocorreu próxima ao calor intenso do Sol, o que teria vaporizado grande parte da água inicial. Assim, cientistas acreditam que impactos de objetos espaciais ricos em gelo (principalmente asteroides) poderiam ter sido cruciais para trazer água ao planeta

Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko
Imagem do cometa 67P feita pela missão Rosetta (Imagem: ESA/Rosetta/NAVCAM/Divulgação)

O novo estudo revelou que a água de um cometa conhecido como 67P/Churyumov–Gerasimenko apresenta uma assinatura molecular semelhante à da água nos oceanos da Terra. A descoberta reacendeu a hipótese de que os cometas da família de Júpiter, como o 67P, podem estar relacionados com a origem da água em nosso planeta. Essa teoria havia perdido a força devido a dados coletados em 2014 pela missão Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA).

As informações levantadas pela Rosetta haviam indicado que o 67P tinha uma concentração de deutério, um isótopo de hidrogênio, três vezes superior a dos oceanos terrestres. Assim, a proporção elevada desse elemento descartaria a hipótese de que esses corpos celestes teriam ajudado a trazer água para o nosso planeta. Contudo, uma equipe liderada por Kathleen Mandt, cientista planetária da NASA, reanalisou mais de 16 mil medições da missão, utilizando novos métodos para considerar o impacto da poeira do cometa nas leituras da missão.

Os resultados mostraram que partículas de poeira ao redor do cometa podem alterar a proporção aparente de deutério detectada pela Rosetta, fazendo com que ela pareça maior do que realmente é. Quando as medições são feitas a uma distância maior, onde a influência da poeira é reduzida, a proporção de deutério se aproxima mais da encontrada na água da Terra. "Este é um daqueles casos muito raros em que você propõe uma hipótese e realmente encontra evidências disso acontecendo", explicou Mandt.

A descoberta destaca a importância de revisar observações anteriores e aprimorar as técnicas para futuras missões. O estudo ajuda a entender melhor o papel dos cometas na formação da Terra e aponta novas pistas sobre a origem do Sistema Solar. "Isso significa que há uma grande oportunidade para revisitar nossas observações passadas e nos preparar para futuras, para lidarmos melhor com os efeitos da poeira", concluiu a pesquisadora.

Fontes
NASA
Imagens
istock