Novo estudo sugere que a Lua pode ser mais velha do que se pensava
Cientistas sugerem que a Lua pode ser mais antiga do que se acreditava anteriormente. De acordo com a nova hipótese, a crosta lunar passou por um intenso aquecimento após sua formação, o que mascarou sua verdadeira idade. Um estudo sobre o tema foi publicado na revista Nature.
Relógio geológico "reiniciado"
Embora análises de amostras lunares sugiram que ela tenha cerca de 4,35 bilhões de anos, especialistas questionam essa estimativa, argumentando que seria improvável que ela tivesse sido formada tão tardiamente, 200 milhões de anos após a formação do Sistema Solar. A nova teoria sugere que eventos geológicos intensos, impulsionados pelas forças gravitacionais da Terra, podem ter "reiniciado" o relógio geológico da Lua.
De acordo com a hipótese mais aceita, a formação lunar começou com um impacto catastrófico, quando um objeto do tamanho de Marte colidiu com a Terra jovem, gerando calor suficiente para derreter o planeta e lançar material ao espaço. Esse material se reuniu para formar o satélite natural, inicialmente coberto por um oceano de rocha líquida. Com o tempo, a Lua esfriou e se afastou gradualmente da Terra até alcançar sua órbita atual.
“Estamos particularmente interessados na fase em que a distância entre a Terra e a Lua era cerca de um terço da atual”, explicou Francis Nimmo, autor principal do estudo e pesquisador da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos Estados Unidos. Nesse período, mudanças na órbita da Lua geraram forças gravitacionais que aqueceram seu interior, derretendo parcialmente a crosta e causando atividade vulcânica intensa.
Esse vulcanismo desempenhou um papel crucial na determinação da idade das rochas lunares. “O forte vulcanismo provavelmente reiniciou o relógio geológico da Lua”, afirmou Thorsten Kleine, coautor do estudo e pesquisador do Instituto Max Planck, na Alemanha. Segundo ele, a maioria das amostras de rochas lunares indica quando foram aquecidas pela última vez, e não sua idade original. Apenas cristais de zircão resistentes ao calor escaparam dessas transformações.
A teoria também explicaria a relativa escassez de crateras antigas na superfície lunar, que podem ter sido apagadas durante esse período de intenso aquecimento. Segundo os autores, se a hipótese for confirmada, a formação da Lua pode ter ocorrido entre 4,43 e 4,53 bilhões de anos atrás. "Esperamos que nossas descobertas inspirem mais discussões e exploração, levando a um retrato mais claro do papel da Lua na história do sistema solar", concluiu Nimmo.