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Interferência de estrelas pode distorcer dados sobre exoplanetas, diz estudo

Brilho estelar compromete medições sobre o tamanho, temperatura e composição atmosférica de planetas detectados fora do Sistema Solar
Por History Channel Brasil em 10 de Fevereiro de 2025 às 13:09 HS
Interferência de estrelas pode distorcer dados sobre exoplanetas, diz estudo-0

Pesquisadores descobriram que mudanças na superfície das estrelas podem interferir significativamente na análise de exoplanetas, comprometendo medições sobre seu tamanho, temperatura e composição atmosférica. Os cientistas analisaram 20 planetas do tamanho de Júpiter e Netuno e identificaram distorções em cerca da metade deles devido à variabilidade estelar. Um estudo sobre o tema foi publicado no periódico The Astrophysical Journal Supplement Series.

As estrelas estudadas apresentam regiões de temperaturas diferentes, conhecidas como faculae (áreas mais quentes e brilhantes) e manchas estelares (áreas mais frias e escuras). Dependendo de onde um planeta passa em relação a essas regiões, suas características podem ser erroneamente interpretadas.  Se um planeta transita diante de uma região mais quente da estrela, ele pode parecer maior e mais quente do que realmente é; o oposto ocorre se ele passar por uma mancha fria. "Algumas estrelas podem ser descritas como ‘manchadas’ devido à sua forte atividade magnética", explicou Alexandra Thompson, coautora do estudo e pesquisadora da University College London (UCL).

Além disso, essas variações podem até mesmo levar a detecções errôneas de planetas. A redução do brilho em uma mancha estelar pode imitar o efeito de um exoplaneta transitando diante da estrela, fazendo com que astrônomos pensem que há um planeta onde não existe nenhum. Esse fenômeno também pode afetar a análise da composição atmosférica dos exoplanetas, ocultando ou simulando a presença de elementos como o vapor d’água.

Para minimizar esses erros, os pesquisadores analisaram dados coletados ao longo de 20 anos pelo Telescópio Espacial Hubble, combinando informações de diferentes instrumentos e faixas de luz, como o espectro visível, o ultravioleta próximo e o infravermelho. "O risco de interpretação errônea pode ser controlado se observarmos uma ampla faixa de comprimentos de onda. As observações no espectro óptico são particularmente úteis, pois é onde os efeitos da contaminação estelar se tornam mais evidentes", afirmou Thompson.

"Esses resultados foram uma surpresa – encontramos mais contaminação estelar em nossos dados do que esperávamos. Isso é importante para nós. Refinando nosso entendimento sobre a variabilidade estelar, podemos melhorar nossos modelos e aproveitar melhor os grandes conjuntos de dados que virão de missões como James Webb, Ariel e Twinkle", concluiu Arianna Saba, autora principal do estudo e pesquisadora da UCL.

Fontes
University College London, via EurekAlert
Imagens
iStock