Astrônomos se surpreendem ao descobrir pela primeira vez um "mundo de vapor"
Uma equipe de cientistas revelou a descoberta de um dos exoplanetas mais raros já encontrados até hoje. Trata-se de um "mundo de vapor" cuja atmosfera é composta quase inteiramente por vapor d'água, algo nunca antes visto. Um estudo sobre o tema foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.
"Um grande passo"
O planeta em questão se chama GJ 9827 d, está localizado a "apenas" 100 anos-luz de distância e tem aproximadamente o dobro do tamanho e três vezes a massa da Terra. Embora a teoria sobre a existência de planetas com essas características já existisse, esta é a primeira vez que se observa um deles. Os cientistas acreditam que o planeta é incompatível com a vida como a conhecemos, pois as temperaturas em sua atmosfera giram em torno de 340°C, com uma enorme pressão.
De acordo com Caroline Piaulet-Ghorayeb, pesquisadora da Universidade de Montreal, no Canadá, e autora principal do estudo, a descoberta marca um avanço importante, pois quase todos os exoplanetas estudados até agora têm atmosferas compostas pelos elementos mais leves, como hidrogênio e hélio, similares aos gigantes gasosos Júpiter e Saturno. “GJ 9827 d é o primeiro planeta onde detectamos uma atmosfera rica em moléculas pesadas, como nos planetas telúricos do Sistema Solar”, explicou a pesquisadora. "Este é um grande passo”, completou.
A descoberta foi feita usando dados do telescópio espacial James Webb. Os pesquisadores também utilizaram a técnica de espectroscopia de transmissão para medir a composição atmosférica de GJ 9827 d. Esse método permite aos cientistas observar quanto da luz de uma estrela é absorvida pela atmosfera de um planeta em diferentes comprimentos de onda.
Eshan Raul, estudante da Universidade Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, e integrante da equipe, afirmou que a descoberta aconteceu enquanto buscavam planetas aquáticos. "Foi um momento surreal. Estávamos procurando especificamente mundos aquáticos, pois havia a hipótese de que poderiam existir. Se isso é real, realmente faz você pensar no que mais pode haver por aí... Acho que isso reflete que nunca houve uma época melhor para as pessoas se interessarem por astronomia", disse ele.
Universidade Wisconsin-Madison